30/05/2011

Novidades

Quando comecei este Blog, em abril de 2010, foi em razão do livro que eu lançava, o Par e Ímpar - alegria que compartilhei como uma mãe anunciando que seu bebê rosadinho nasceu. Também por reconhecer que o espaço virtual é o novo léxico universal, e o ditado dos novos tempos poderia ser “quem tem web vai à Roma - se não preferir ir a qualquer outro lugar”. Nem precisa mais ter boca, os dedos e uma boa conexão banda larga assumiram importância superior.

Contudo, reconheço que cresci em outros tempos. Por mais que eu domine os recursos básicos da era virtual, sou da época em que se gritava bem alto ao telefone para ter certeza de que o namorado lá na suíça escutaria. Não tenho vergonha de parecer arcaica, nem entro correndo na fila toda moderninha para comprar o novo Ipad2. Por outro lado, tampouco preservo o videocassete na sala nem choro de saudade do carburador. Nem lá nem cá.

Acho lindo o mundo evoluir tecnologicamente. E invenções boas são para ser usufruídas mesmo. Não por isso vou esconder que fiz cursinho de datilografia em 1980 porque era um diferencial competitivo saber “bater à máquina” com destreza - ora vejam.

Estou apenas constatando que novidades me surpreendem e mobilizam ao mesmo tempo. E também assumo que não sou lá muito rápida em recolher o queixo caído. Até hoje avião me espanta. Como pode um troço tão pesado levantar vôo como passarinho. Às vezes fico anos contemplando novas tecnologias até acreditar que – eureca! - elas funcionam. E naturalmente me atrapalho para usá-las com eficiência plena. Mas tento. Tento até cansar, porque o esforço de aprender, de adaptar-se, é tarefa do usuário.

Isso tudo para contar que passei um final de semana inteiro fuçando na web para inserir neste Blog um gadget de Boletim Informativo! Claro, não me servia qualquer modelo. Procurei um gerenciável por e-mail e que cadastre somente quem tiver interesse em receber atualizações do Blog, Deus me livre o Bicho sair por aí disparando coisas sem consentimento - que tecnologia tudo bem, mas desobediência da máquina ao dono é rebelião.

Então quem quiser se inscrever, adelante! Cadastre seu e-mail e receba os posts diretamente da boca do Bicho!

Beijokas com k, tipo pós-moderna.

18/05/2011

Seguro Auto Mulher – "porque elas tem um jeito próprio de ser"


É fato medido e constatado: elas colidem menos.
Por isso o seguro de automóvel para motoristas mulheres é mais barato que para o sexo masculino. Não importa que elas não usem o pisca-pisca e parem o trânsito para estacionar em amplas vagas. Ou que virem a cabeça e o tronco inteiro em vez de apenas olharem pelo retrovisor. Tampouco importa que insultem histericamente quando deveriam pedir desculpas. Que atropelem cones e outros obstáculos neutros como pedras e calçadas. Que chorem ao volante quando se perdem. E abanem para o pardal retocando batom pelo espelhinho. Não importa. As idiossincrasias femininas não contam nas estatísticas do seguro. O que importa para os contratos de seguro é o quanto as mulheres usam suas apólices, e nisso somos muito comedidas, resultando num bom desconto em geral.

Nosso comportamento de risco no volante é baixo, dizem as tabelas atuariais. Nossos problemas são outros. Por isso, foi bem oportuna a leitura de mercado feita por uma Seguradora brasileira recentemente. Recebi mala-direta anunciando um Seguro Auto Mulher – porque você tem um jeito próprio de ser, com “serviços exclusivos para suas necessidades, assim você fica protegida e evita aborrecimentos”.

Além da cobertura contra furto, roubo e danos, são oferecidas garantias inéditas como a troca de pneu (detalhe: sem limite de utilização), o acompanhamento até a delegacia, a isenção de franquia na primeira batidinha e – tchan, tchan tchan tchan – um Motorista Amigo para levar você e seu carro para casa após a meia-noite! Uau, nossos problemas estão resolvidos.

Faltou a publicidade esclarecer se o sujeito acompanhante é tecnicamente preparado. Significa dizer: se tem formação em psicologia e primeiros-socorrros. Convenhamos, acompanhar mulher sozinha em condições ideais de temperatura e pressão já não é tarefa simples, imagine depois da meia-noite. Vá saber o quanto o Motorista Amigo terá de ouvir, suportar, administrar. Uma rápida lista de suposições me veio à cabeça e concluí que pode ser mais complicado que colidir de frente contra jamanta.

Pense na situação: passa da meia-noite, a carruagem já virou abóbora. A moça segurada está sozinha e o Motorista Amigo é chamado para ir ao local acompanhá-la de volta ao lar. Tudo limpo até aí. Então começam os “es”: e... se a mulher estiver saindo de uma festa onde pegou o namorado cantando uma loirona vestida de Sabrina Sato? E se a infeliz ainda está em TPM? E se além disso for noite de lua cheia e véspera de seu aniversário? E se mandar o Motorista Amigo dar um cavalo de pau e estacionar em frente ao bar para acertar as contas com o cretino? E se – muito pior – pedir que rume para casa enquanto desabafa pelos próximos 50 km, hein? E se ela tomou umas vodkas russas (o soro da verdade) e está a fim de discutir, divagar e divulgar a relação? (Um DDDR básico), hein, hein? E se ela ainda por cima quiser saber a opinião do sujeito acompanhante?.. E...

Céus, fico calculando a relação de riscos e danos. Se o Motorista Amigo não estiver devidamente preparado para esse serviço opcional, irão por água abaixo nossos descontos especiais no seguro. O cara certamente ficará atordoado e baterá o carro violentamente contra um poste, com perda total - afinal, o Motorista Amigo é um homem no volante.






08/05/2011

Manhêêê

Há o tempo em que basta gritar manhê e a dificuldade fica instantaneamente resolvida: uma mão rápida para levantar, curativo na coxa, nescau quente de manhã, aquela brincadeirinha para aliviar a frustração, revisão antes da prova, beijinho de boa noite, essas coisas de mãe. Mãe atende a pedidos de socorro como se fosse garçom de bandeja na mão. Os 10% de gorjeta são contingenciais: só o fato de ser mãe quita a existência e gratifica as horas-extra. Ver o sorriso de uma criança, a felicidade do seu pimpolho, ah, esquece, isso nem o master card paga.


Aí um belo dia os filhos crescem e os pedidos ficam um pouco mais complexos: um aval no crediário, alguns importantes conselhos, o ombro amigo na hora das desilusões, aquele estímulo convicto do tipo ninguém é melhor do que você, meu filho, uma ajuda na escolha do vestido, na decoração da casa, na arrumação da mala, na mudança. Mãe passa a ser um cheque especial: está ali para quando você precisar, conte com ela. Os juros não serão cobrados. Acompanhar o crescimento e a realização de um filho remunera a alma.


Lá pelas tantas a gente também vira mãe (ou pai) e o socorro vem de outro jeito: mãe quebra um galho como baby-sitter adocicada dos netos, professora de temas aleatórios, conselheira catedrática, vira amiga, companheira, vizinha, guarda segredos. E ainda rola um cafuné. Mãe é mais torcedora do que técnica, é mais carta na manga do que número de mágica, fica na contemplação, na retaguarda, de reserva na casamata: você tem meu número, se precisar liga.

Então chega, ao fim, o dia em que mãe vira lembrança: não pode mais ser abraçada, não prepara a ceia de natal, não troca idéias, não aparece no domingo, não assopra pelo telefone aquela receita de doce, não segura mais a barra. A vida deixa de ser tão fácil e garantida, e nem tem a mesma graça. Não dá para gritar manhêêê como se gostaria, mas você pode senti-la. Você sabe o que ela diria nessa e naquela hora.  O DNA dela está ali, impregnado - dá para saber que mãe você teve só pelo seu jeito de sorrir, pelo tom que lhe soa um choro de bebê nos ouvidos. Você a tem. Ela não está ao alcance da mão porque está inteiramente dentro de você.

05/05/2011

Meio de Campo












Dois corações é ter um filho fanaticamente-colorado e um namorado uruguayo-peñarol.
Dois corações partidos é sabê-los assistindo o mesmo jogo, torcendo igual, vibrantes,
em sentidos diferentes.
É sentir-me uma bola pulando de um lado para o outro e não encontrar goleira que acolha simultaneamente meus dois amores. Fico sentada de mãos atadas entre opostos.

Ah, como é difícil assistir a vida da arquibancada.



02/05/2011

Pensamento da semana

"Nesses últimos dias, o mundo está parecendo jogo de xadrez:

sexta-feira só se falava no rei e na rainha; no domingo beatificaram o bispo; depois, deram xeque-mate em quem derrubou as duas torres...  E eu, aqui, de peão, trabalhando que nem um cavalo."   (Anônimo)  

rainha