12/03/2013

Yes ou Si ?

Tem pergunta que não se faz. Tipo o clássico dilema “ou ela, ou eu” - qualquer pessoa com o mínimo de cautela evita a franca encruzilhada. Vá que.

Pois não é que neste domingo um referendo público indagou aos 1.672 eleitores das Ilhas Malvinas se prefeririam ser ingleses ou argentinos??? (Lembrei o programa Silvio Santos: a pessoa de dentro de uma cabine, sem escutar a pergunta, tinha que decidir com um simples “sim” ou “não” se sairia de lá proprietária de uma casa de três quartos, ou de um maravilhoso tênis montreal antimicrobiel).

No caso do Referendo de Falklands, porém, as pessoas não corriam o risco da aposta. Sabiam exatamente o que estava sendo perguntado. E 98,8% dos eleitores responderam desejar que as ilhas permanecessem como território do Reino Unido. (Os 1,2%, - suponho - havia esquecido os óculos em casa no dia da votação).

Outra vez na história a Argentina deu a cara à tapa para a Inglaterra. Eu era criança quando estourou a Guerra das Malvinas, mas lembro de ter me interessado em entender por que uma ilhazinha tão sem graça mobilizava submarinos nucleares e mísseis exocet. Foi simples analogia: coloque um monte de chocolate (o equivalente a petróleo, no reino infantil) dentro da casinha do cachorro e ela será o local mais disputado pelas crianças da cidade. A coisa da posição estratégica militar foi um pouco mais complexa: você prefere atirar de bodoque de cima de uma árvore ou lá do outro lado do mundo? Enfim, para tudo há uma comparação palatável. O fato é que bastaram algumas bombas para Margareth Thatcher mostrar os dentes no contra-ataque e deixar claro seu poder de barganha. E não se falou mais nisso.

Agora o povo do arquipélago, trinta anos depois, confirma nas urnas a acachapante supremacia da popularidade inglesa. For God’s sake, tem coisa que não se pergunta.

Só que o conclave no Vaticano vem com mais uma agora: “É Don Odilo Scherer ou Angelo Scola?” Afemaria!...

08/03/2013

Paradoxxo




PARADO XX O

Que mulher somos?
Um dia certo no mês de março
e um ano todo para cuidar dos nossos olhos
filhos, afetos, trabalhos e desmaios
ao longo do calendário

Que mulher nos resta de brinde
ou contingência
ou garantia
ou ganância

- A que abraça o mundo ou a de mãos atadas?

malabarista, puritana, ativista
submissa, madame, mundana
cansada
erudita, cibernética, espiritual,
simples fêmea no cio

O que aceitamos, afinal,
- whisky sem gelo ou chá de jasmim?

Que mulher somos?!?

Vivemos paradoxo insano:

um animal de ponta cabeça
que lambe feridas
e revira lixo

com DNA maiúsculo de bicho
e um H pra lá de humano.