15/08/2010

PALAVRA



PALAVRA DE HONRA

...e a hora da verdade, ou do politicamente incorreto.


Charles Maurice de Talleyrand-Périgord, um estadista francês que tomou parte importante nos acontecimentos da Revolução no final do século XVIII, cunhou uma curiosa citação: "A palavra foi dada ao homem para esconder o que pensa". Glup, silêncio.
Se a idéia era causar-impacto-disfarçando-a-realidade, tá certo, mandou bem, e a palavra o ajudou. Mas se o cara queria mesmo falar a verdade, - vas y, j`èn ai marre - penso, com todas as letras, que o Príncipe de Beneveto se  a-p-a-t-r-a-l-h-o-u  um tanto.
Quem é esse homem afinal? Um mágico de oz? Um camuflador? Impostor de marca maior? A palavra, por mais cuidadosamente manipulada, revela. E a palavra escraviza, meu senhor. Ao mesmo tempo que liberta, também aprisiona. A palavra denuncia até o submundo mais enterrado. Nem no banho fico tão nua quanto quando escrevo. Sou exposta, disposta da forma mais inóspita. A palavra descortina. Uma amiga diz que não escreve porque tem medo do que as pessoas farão com o que sabem dela, e porque não conseguiria olhar nos olhos de quem a lê: “Eu não conheço o peso da palavra viva”, disse ela. É um direito, eu respeito.
A palavra grita aos ventos, palavra não tem pudor. Não esconde, não se subjuga nem se apaga. Não guarda segredos, jamais.
Onde está este homem que consegue esconder seu pensamento?
Quando escrevo, eu me tatuo com a verdade da palavra e levo essa pele para todos os tempos verbais.




DICA DE CANTO: Bonito é quem constrói um canto certo para a palavra politicamente incorreta, mas não a cala. Recomendo um Blog maravilhoso, inteligente, divertido e POLITICAMENTE INCORRETO (Thanks, God!). É o da prima Ana Paula Ávila, genial: http://wwwmeenganaqueeugosto.blogspot.com/




Obs: Essa frase "A palavra foi dada ao homem para esconder o que pensa" está citada no rodapé de "Os Miseráveis", de Victor Hugo. Praticamente no porão. Mesmo assim, me alcançou, e me revelou pensamentos revolucionários. Mérci bien!

11 comentários:

  1. Tatiana, estou na Disney derretendo de calor, então, ontem depois do dia inteiro em um parque, fui tomar um banho de piscina e levei o seu livro. Li inteirinho de capa a capa. Amei a sua poesia. O livro é pura emoção e realidade. Quando voltar, colocarei um post sobre ele no meu blog. Bj.

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  2. Bipe! Que máximo! Eu já tava achando um arraso isso de o Par e Ímpar ir passear na Disney, mas..se tu gostou da leitura, aí realmente me emociono. Gosto muito do que escreves, tens um olhar poético criativo, que é muito teu. É importante uma novata como eu receber feed back de quem sabe das coisas. Tô toda boba.
    Divirta-se aí, beijo, & let`s coffee when you are back.

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  3. Oi, Tatina!
    Bela reflexão!Eu concordo contigo em gênero, número e grau!Na verdade, há "grandes" para legitimar a tese de que a palavra revela, a psicanálise, por exemplo, é contundente ao dizer que o ser humano se revela através de seu discurso.
    Beijos virtuais.

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  4. Oi Maluquinha!

    Como dizem por ai: bah! é tri o blógui da guria. Tua palavra é linda, leve e
    solta. Ela fala nossa língua. Olha! Tentei postar um comentário, mas, como
    sou lento nessa coisa de tecnologia digital, parece que não foi. Em todo
    caso, o que eu queria dizer é que concordo com a tua posição, contrária ao
    Périgord (acho que assim que se escreve). É impossível se esconder por trás
    da palavra. Palavra é, antes de tudo, verbo, ação, conflito de neurônios,
    vontade, etc... É claro que existem as palavras viscerais e as epidérmicas.
    Estas, ditas ao vento, quase como para livrar-se delas, enquanto aquelas são
    para atingir alvos específicos, disparadas como flechas, com a dose nem
    sempre certa de poção em suas pontas, pois, às vezes, se exagera na dose e o
    remédio vira veveno e, então, haja antídoto.

    Ps: depois te mando mais um pouco da poesia da Maura.

    Bjs...

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  5. É isso mesmo, Raquel! Tudo,tudo, tudo revela.
    Se até o silêncio muitas vezes é tão eloquente, o que dizer da palavra??

    E há quem diga que, na literatura, toda ficção é autobiográfica...rsrsrs
    beijo prati tb!

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  6. Oi, Eduardo! Que maravilha a visão poética do geógrafo...hehehe

    É, né, tudo é manifestaçao: palavra, comportamento, movimentos... até o corpo fala! O ser humano é um performático por natureza.

    Mas essa da palavra visceral e epidérmica, nossa, eu adorei.

    beijo pra ti, guri!

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  7. Oi Tati, fomos colegas na PUCRS Direito 1994 e há pouco te encontrei no twitter e, enfim, achei o BICHO. Adorei teus escritos! A palavra é poderosa, mágica, destruídora e quando escrita revela o DNA do autor, pq é produto de todas as instâncias psíquicas... Só não vê quem não "sabe"ler. Um grande beijo.

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  8. Marlei,noooosa, quanto tempo!!! Lembro bem de ti, matando a pau na faculdade. Sua fera! Que legal que gostou do bicho! Seja bem-vnda pra soltar teus animais por aqui.
    Sempre tem gente que lê e não entende. Assim como tem os que comem e não digerem. É assim mesmo. Cada um se engana como quer com seus próprios olhos. Beijo querida, adorei te encontrar!!

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  9. Tatiana,
    A Maria Lúcia me recomendou o teu blog. E, já na primeira leitura, estou encantado. Parabéns. Para dar pitaco, a palavra esconde quando revela, e revela quando tenta esconder. Quem habita o sub-texto, sub-mundo das intenções não reveladas, sombra do escuro, tem o arrepio da revelação.
    Grande abraço, Rubem

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  10. Oi, Rubem! Eu já era tua fã antes mesmo de saber que eras amigo da Macaca. Aí fiquei mais. Adoro teu trabalho. Valeu pela visita e o apoio! Abraço, Tatiana

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