DE JOELHOS
Eu que sempre fui péssima em física na escola e pouco me relacionava com a lógica precisa da matemática, é claro que passei de costas pelos teoremas de Arquimedes, o estudioso da alavanca e outras noções que revolucionaram o mundo.
- "Dê-me um ponto de apoio e moverei a Terra", disse Arquimedes sobre o poder da alavanca.
Na verdade, ele disse “δῶς μοι πᾶ στῶ καὶ τὰν γᾶν κινάσω”, em palavras originais. Mas nem ouvi. Matemática pra mim é grego.
E sabe o que? Essa sabedoria não me fez falta no colégio, nem no vestibular, na profissão, e muuuuito menos para ser feliz na vida. Sou favorável à redução do currículo escolar (em pelo menos um terço do conteúdo) - simplesmente porque o aprofundamento técnico é dispensável para nosso desenvolvimento básico e ainda toma lugar de formação mais importante: primeiros socorros, mecânica automotiva, psicologia, finanças pessoais, empreendedorismo, política, economia, oratória, diplomacia e outras matérias que deveriam ser bem aprendidas muito antes da fórmula de Baskhara.
Que Pitágoras não me ouça, mas até prendas domésticas é mais útil para a sobrevivência do homem comum!
Só que esses dias, no joguinho de futebol semanal com as meninas, odiei desconhecer que Fp x BP = Fr x Br. Subestimei o poder da alavanca e deixei o pé na dividida da bola. O conhecimento matemático me fez falta. Ah, como fez. Não calculei as consequências e criei alavanca onde não devia (é preciso esclarecer que a zagueira tinha o dobro do meu tamanho e era combativa). Fui catapultada. No ar já senti o estalo, o ploc dos ligamentos se rompendo, a patela subindo pra coxa. E a dor. Um chute na alma.
O que era para ser o último jogo do mês, provavelmente terá sido o último da vida - minha carreira no futebol já tava na categoria pós-sênior e eu seguia em campo jurando que sou Roger Milla pra driblar o tempo.
E agora ainda tem a coisa das muletas, depois cirurgia, fisioterapia e por aí vai. Buscarei jogos sem contato físico, tipo par ou impar. E vou estudar matemática nas férias. Cursinho básico de fórmulas e equações para sobrevivência.
Ah, é pra eu pensar. Fugi da matemática como o diabo da cruz. Será que saberei um dia ser feliz sem ela?
ResponderExcluirBeijão,
Tania, estatisticamente (rsrs) eu diria que sim.
ExcluirTu tens as letras, guria, com quem te relacionas muitíssimo bem. Agarre-se nas palavras e seja feliz!
beijoca
Oi, Tatiana.
ResponderExcluirEducação carece mesmo de reformas.
Ótima semana para você e melhoras, viu?!
verdade, Will.
ExcluirObrigada pela torcida. Vou melhorar, sim!
tirando a dor, o estrago e o incomodo, eu adorei! vi um golaço na narrativa fluída e bem escrita!
ResponderExcluirgosto do seu "proseado" e da sua facilidade em contar uma hitória.
parabéns, Tatiana!
um beijo.
Eleo, teus generosos elogios têm o efeito de torcida organizada: põe um gás na vivente mesmo que esta seja uma "perna de muleta"!
Excluirobrigada, querida
bjo
Tati, bah, que chateação!
ResponderExcluirE nessa época agitada e melancólica que é o fim de ano.
Eu, a long time ago, me quebrei e me quebrei mesmo. E de todas as quebras a pior foi precisar de ajuda, muita ajuda.
Espero que você se recupere rápido. E que tome mais cuidados com as leis da física no próximo jogo rsrs
beijoss
Bipe, o meio de campo é terra sem leis! Vale quem chega antes e maior na bola. (a lei da física aparece só na hora do estrago..rsrs)
ExcluirQueirda, tens toda razão na percepção: a maior dor é a dependência. Que bom que isso tudo passa, né? E que temos quem nos carregue com carinho.
Beijo pra ti. Vou lá ver se aquele Bípedeblog já ta andando!
tati,
ResponderExcluircom o avanço da medicina moderna, cê vai estar jogando novamente em questão de semanas.
acho muito legal isto das mulheres jogarem futebol. "no meu tempo", isto não existia. era coisa de menino.
aqui nos eua, duas de minhas três filhas praticam o esporte. bebel, a do meio, é artilheira do time da cidade, joga muito bem.
mudando a prosa, a forma que você fala, em seu texto, é muito legal.
eu gosto deste jeito coloquial de dizer as coisas. permite uma intimidade de mesa de bar com o leitor.
abração do
roberto.
É sim, Roberto, hoje em dia usam até ligamento de carneiro! (fico em dúvida se é melhor do que o de gente e se o vivente não sai depois dando coices por aí).
ExcluirEu tb sou "dessa época", quando só menino jogava, mas sempre fui metida e forçava a inclusão na marra, quando moleque. Hoje em dia não, meu time de meninas é super organizado, joga 2 vezes por semana, com uniforme, treinador e tudo. Tem cada guria nova pintando boa de bola que só vendo! Fora a amizade.
Incentiva tua filha artilheira (eu tb sou atacante), mas alerte-a para as equações básicas.. rsrs
abração
Aham, muito interessante, adorei, ganhaste um fã, Abç
ResponderExcluirops eu ja era seu fã
ResponderExcluirOlha só como a Física e a Matemática são importantes! (rsrsrs) Gosto muito dessas ciências. O seu texto está primoroso, Tatiana.
ResponderExcluirSão mesmo, Carlos. Apesar do meu analfabetismo matemático, reconheço que são!
ExcluirMeu relacionamento com a Matemática é apenas um: ela me vê como algarismo e eu a vejo como antônimo do Português. Somos nós, aversivas e irremediáveis.
ResponderExcluirDesejo a ti melhoras e um joelho novinho em folha de presente de Natal. Ficarei aqui, torcendo por sobreviventes nessa luta entre fórmulas e equação.
Beijos mil.
Genial teu enquadramento, Carine! :)
ExcluirE obrigada pela boa energia emanada, querida. Se tudo der certo, começo 2013 metendo o pé na porta! rsrs
beijinho
Guria, que maldade!
ResponderExcluirTô morrendo de dó, mas bem que tu podias ser mais calminha. Se estivesses bordando no máximo levarias uma agulhada, mas jeitosinha como és sabe-se lá onde a agulha espetaria.
O texto está bárbaro, e compartilho contigo esta reforma na educação, tem tanta coisa útil para se aprender.
Um beijo e melhoras (vê se te aquieta)
Dinorah, minha amada, bem sabes que "calminha" não é uma atributo a que eu faça jus.. Mas com certeza me cuidarei, que um pingo de juízo ainda me resta.
ExcluirSe eu tentasse bordar, enfiaria agulha no olho já no primeiro ponto. Sou dos esportes de força bruta, apesar de mirrada. Essa cruza com formiga um dia ainda me mata! rsrs
Beijo pra ti, queridona! Saudade
bem eu vou ler muitas e muitas vezes o teu texto
ResponderExcluirou não fosse eu uma professora dessas ciências que tu quase consideraste malditas
hihihihi
beijo
Laura, eu amaldiçôo mas respeito! rsrsrs
ExcluirObrigada pela visita de tão longe, querida!
Adoro seu jeito de escrever! Não interessa se concordo ou não, me cativa mesmo.
ResponderExcluirHoje não resisto e comento este post, porque além de detestar matemática,
e de achar que prendas domésticas são SUPER importantes pra sobrevivência,
ainda tive que fazer uma cirurgia, resto antigo do meu tempo de atleta.
Mas passa viu, e fica tudo bem.
beijão
Oi, Walkyria, que bom podermos compartilhar letras e experiências!
ExcluirE me alivia saber que as coisas passam e tudo volta direitinho pro lugar, como 2+2. :)
beijão pra ti e um viva às prendas domésticas!
Tatiana, olha só, de um episódio destes vc conseguiu chegar no lance do poder da alavanca, e de quebra escrever algo tão gostoso de ler!
ResponderExcluirbeijo
Matemática é mesmo grego. Faz mais de 20 anos que aprendi Matrizes e Determinantes, e ainda estou procurando um emprego prático, uma só vez na vida desse conteúdo. Isso só para citar um exemplo. Agora quanto a alavanca, realmente foi uma maneira dolorosa de aprender na prática o que a teoria tenta explicar. E a lei da ação e reação? Espera ficar boa e marca outro jogo contra essa zagueira. (Leva uma muleta escondida)rsrs.
ResponderExcluirBrincadeiras à parte. Estimo que te restabeleças mais rápido do que aprender produtos notáveis. Um abraço
rsrsrs, muito boas dicas, Paulo. ME consola saber que não estou "só" no mundo dos anti-matemática profunda.
ExcluirQuanto à reação, rsrs, não dá, Paulo, é só fairpaly, que no fute somos todas amigas, muito amigas (embora competitivas, rsrs). E é do jogo levar a pior as vezes. Até que nao posso reclamar. Só fiquei indignada porque esta maldita falta me levou o joelho e não rendeu nem um penalty!!!
abraço pra ti