Tem pergunta que não se faz. Tipo o clássico dilema “ou ela, ou eu” - qualquer pessoa com o mínimo de cautela evita a franca encruzilhada. Vá que.
Pois não é que neste domingo um referendo público indagou aos 1.672 eleitores das Ilhas Malvinas se prefeririam ser ingleses ou argentinos??? (Lembrei o programa Silvio Santos: a pessoa de dentro de uma cabine, sem escutar a pergunta, tinha que decidir com um simples “sim” ou “não” se sairia de lá proprietária de uma casa de três quartos, ou de um maravilhoso tênis montreal antimicrobiel).
No caso do Referendo de Falklands, porém, as pessoas não corriam o risco da aposta. Sabiam exatamente o que estava sendo perguntado. E 98,8% dos eleitores responderam desejar que as ilhas permanecessem como território do Reino Unido. (Os 1,2%, - suponho - havia esquecido os óculos em casa no dia da votação).
Outra vez na história a Argentina deu a cara à tapa para a Inglaterra. Eu era criança quando estourou a Guerra das Malvinas, mas lembro de ter me interessado em entender por que uma ilhazinha tão sem graça mobilizava submarinos nucleares e mísseis exocet. Foi simples analogia: coloque um monte de chocolate (o equivalente a petróleo, no reino infantil) dentro da casinha do cachorro e ela será o local mais disputado pelas crianças da cidade. A coisa da posição estratégica militar foi um pouco mais complexa: você prefere atirar de bodoque de cima de uma árvore ou lá do outro lado do mundo? Enfim, para tudo há uma comparação palatável. O fato é que bastaram algumas bombas para Margareth Thatcher mostrar os dentes no contra-ataque e deixar claro seu poder de barganha. E não se falou mais nisso.
Agora o povo do arquipélago, trinta anos depois, confirma nas urnas a acachapante supremacia da popularidade inglesa. For God’s sake, tem coisa que não se pergunta.
Só que o conclave no Vaticano vem com mais uma agora: “É Don Odilo Scherer ou Angelo Scola?” Afemaria!...
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirÔ, Pessoa! Tá rolando censura por aqui hoje, é? 8/
ExcluirManda ver tua opinião, amigo, que é forte mas é das boas, uai! (e eu concordo)
Abração
ResponderExcluirBaca é ler sempre "coisa séria" com esse tom de descontração inteligente nos seus textos, Tati. E cabei de ler o Beto aí em cima, pensei, mas deixa lá, que dessa igreja católica eu não sei falar "moderadamente"...rs
Beijos,
Taninha, amada. Bacana é ter teus olhos queridos e inteligentes seguindo meus textos. Sabes que a gente escreve para, no máximo, 16% das pessoas alfabetizadas? Saiu no relatório do INAF (Indicador de Analfabetismo Funcional) que "74% da população brasileira não consegue compreender um texto simples". Não é de chorar, Tânia?
ExcluirBeijo pra ti, guria.
curti! Beijo
ResponderExcluircurti! Beijo
ResponderExcluirEu curto quando tu curte! :) Beijoo
Excluiré esta ou a famosa "ou dá, ou desce"... e eu desço, sempre.
ResponderExcluira escolha do final é dura, duríssima...
a igreja católica, se fosse esperta, escolheria um papa do maior país católico do mundo (que, a continuar assim, não o será por muito tempo mais).
mas quem nos disse que o vaticano quer saber de tomar decisões inteligentes.
fosse assim, liberavam casamento pra padre (ou entre padres), e diminuiria muito essa "comessão" de fi*f* de menino.
acho sacanagem.
mas padre adora sacanagem.
abração do
r.
ps: espero não ter sido agressivo. rs... se fui, rezo cincomileduzentos padrenossos e trocentas avemarias...
Oi, Pessoa, acho que podes começar a rezar...rsrs
ExcluirAgora o Papa é latino e toma chimarrão! Mas segue contra aborto e casamento gay.
Também tenho muitas restrições ao(s) sistema religioso, Roberto. E acho que tu tá bem certo, o celibato é uma fonte de problemas.
Abração!
Nos programas da cabine em que se decidia as cegas e as surdas sair com grande prêmio ou com as mãos abanando, curiosamente por sorte muitos se davam bem no fim. Já não podemos dizer o mesmo da Argentina porque além da votação ter sido consciente tratava-se de uma pergunta retórica. Exceto para os que esqueceram os óculos. rs
ResponderExcluirQuem sabe agora os Argentinos, duros na queda, desistam de se apossarem das ilhas Malvinas, porque se bem os conhecemos na rivalidade do futebol Argentina x Brasil, não deixarão por menos e reivindicarão até o final.
Deliciosa crônica, surpreendente como tudo o que escreves!
beijos meus
Bah, Carine, e agora que o Papa e Argentino? :O
ExcluirQue diria, hein? As Malvinas querendo distância e o Vaticano aproximação. Vá entender...rsrs
Beijo pra ti, guria
Aí, Tatiana, mandou bem demais. Esse carinha da foto é impagável. Se esse coiso representa os 98,8, tá entendido porque deu Ingraterra - é tudo passado da cabeça. Mas, pô, votar entre argentinos e ingleses numa ilha marcada pela presença inglesa há milianos é pedir, não é ou não é? Tem pergunta que não se faz, tipo: topa um cinema para discutir a questão? Pois é, e o bicho pegando e o Brasil só quietão, deitado em berço dos esplêndidos. Por que não botou o nome na votação também? Dava samba, na certa. Até esse cabeça de um pardal votava ninós, só pensando nas mulata, no futebol e no samba que vinha de lucro (ou ele ia preferir dançar tango ou xaxado ingrês?)
ResponderExcluirAí, eu tô com o primeira pessoa do singular: se a igreja católica fosse esperta, punha um brasileiro lá de capote de tudos capoti (desculpa, eu não sei falar ingrês). Pô, garota, pensa! Primeiras palavra dele: "galera, é nóis!" Virgi, ia sê maior chou. Não sei se chegava acabar com as perdofilia, mas diminuia bem, que aí rolava um axé music, um trem da alegria, casamento e descasamento, padre Marcelo sempre acompanhado de Citãozinho e Chororó, Roberto Carlos, maracanãozinho, Brasil na fita.
Falei.
Ó, eu me confesso eu tô nos 74%. É duro reconhecer, mas é a verdade, não é ou não é? Mas olha, eu não sei as frase que você escreveu no outro idioma começando do título. Mas ficaram bem lindas. Deve ser coisa linda a beça. Que é que eu não tô perdendo?!
Blogaço.
Beijocas
Overture, tu tá de sacanagem, não é não?
ExcluirJuro que não. A pergunta certa é não é ou não é?
ExcluirOk, é uma manifestaçao a la "macaco simão", Tá valendo.
Excluirmas a pergunta é no positivo: "yes"ou "si"
Se a gente quiser entender os pequenos fatos do cotidiano, (neste caso, não é tão pequeno assim), basta dá uma passadinha aqui. Leveza e sutileza, marcas que descem redondamente no texto da menina.
ResponderExcluirAbr.,
Ó, José, tu sempre tão gentil e generoso.. Obrigada.
ExcluirAbr
excelente texto, guria!
ResponderExcluirtem coisa que não se pergunta, mesmo! rs
gosto do seu enfoque, sempre ampliando as questões, dando desdobramento a narrativa. ótimo, como sempre.
agora, Dom Francisco! Um papa Argentino... será que a água benta desse Papa vai ser igual a que a Argentina deu para o Brasil na copa do mundo? rs
pero que si, pero que no....
um beijo!
Eleo, agora só Deus sabe... :)
ExcluirBeijo pra ti, minha querida.
Tati, hoje peguei a ZH à procura de notícias sobre o assassinato de uma pessoa muito importante para pessoas da minha família e da primeira página até a 30 só deu papa.
ResponderExcluirEu não fiz nem primeira comunhão.
Quando estive no Vaticano, fiquei chocada com a ostentação.
Quando li o Nome da Rosa, fiquei chocada com o destino pirotécnico das mulheres.
Quando estava na escola, um padre me atormentava com sermões
Quando chegava na escola, via gente morta em frente à porta da igreja.
Quando meu pai chegava do hospital, tinha brigado com as freiras porque as pacientes de curetagem que fosse "da vida fácil" não deveriam ser anestesiadas.
Eu tou com o Woody Allen: se deus existe, ele é só um bom decorador.
De resto, é tudo coelhinho da Páscoa e Papai Noel rs
rsrs
beijoss
Bipe! ...vai ver somos da mesma seita..? rsrs
ExcluirEu nem fui batizada, e depois de consciente sou contra qualquer sistema de manipulação humana, como o empregado pela maioria das religiões. Mas é claro que respeito o indivíduo e suas necessidades existenciais. Cada um na sua. Minha religião é o Amor.
Bipe, eu fecho com o Woody Allen e contigo, querida!
beijo
Olá, Tatiana.
ResponderExcluirÉ uma grande satisfação ler um blogue tão interessante.
Qual de nós já não fez uma pergunta que não se faz, tendo todas as possibilidades de saber ou conjecturar que a resposta não seria a que esperávamos? É um mal humano. E como humanos tem relacionamentos, é um mal relacional; e como humanos têm famílias, é um mal familiar; e como os humanos são religiosos, é um mal metafísico... e como humanos dirigem nações, todas as nações que conhecemos estão em algum tipo de confrontamento, em alguma espécie de guerra.
Ah, se pensássemos menos que sabemos a resposta do que nem temos ideia, não perguntaríamos e muitíssimo menos afirmaríamos algo que só nós faz tolos aos olhos dos outros, vermezinhos bonitinhos da terra discutindo a complexidade e a completude dos mundos.
Olá, Ângelo. Obrigada pela visita, fique sempre à vontade no Bicho, a casa é de todos.
ExcluirConcordo contigo, não passamos de uns grãos de poeira e o ego humano pensa que somos os caras! Daí tanta confusão, tanta briga. Mas a existência fica até divertida assim.
Vale carregar vida a fora aquele ditado de vó, de que em boca fechada não entra mosca, mas reconheço que é bem difícil praticá-lo com sabedoria..rs
Tati, tudo meleca, exceto teu texto da melhor qualidade! tô com a bípede e não abro. deus fez o pacote com papel dubom, mas o conteúdo é merda de feder até em marte.
ResponderExcluirvc arrasa, menina!
bj grande